Hoje foi talvez o dia mais difícil desde que estamos em estado de emergência com isolamentos, quarentenas e afins!
A minha menina fazia 8 anos!
Já tínhamos reservado um espaço para lhe fazer a festa, com os convites já feitos, lista de amiguinhos, ía ter pinturas faciais, piscina de bolas, fatos para se mascararem, várias atividades, bolo do Snoopy, etc.
Quando percebemos o andar das coisas, ainda antes da escola fechar, percebemos que não iria haver festa. O Coronavírus não ía deixar. Cancelamos.
Optamos por deixá-la com a minha mãe, porque tanto eu como o pai temos que continuar a trabalhar e não podíamos arriscar a vir para casa contaminados, estar com ela e ela contagiar a avó.
No dia 16 de março de manhã, despeço-me dela à porta da minha mãe com o último abraço, um beijinho meio a medo, dado na cabeça e sigo para o trabalho de coração desfeito. Sem saber quando a poderei voltar a abraçar.
Choro todo o caminho e sinto que vou para a guerra. Sinto-me impotente perante um inimigo invisível.
Nos dias seguintes, falo com ela e com a minha mãe todos os dias. Tento que ela não perceba o quão assustada estou com isto.
Tenho o Miguel em casa comigo.
Não nos tocamos, mas posso vê-lo e falar com ele.
Não o posso abraçar nem beijar.
E isso custa-me horrores!
Ninguém se toca, ninguém se beija.
Sinto tanta falta de tocar, de abraçar...
Estou há uma semana com uma tosse terrível. Daquelas que mal pões o pé na cama, começa até não parar mais. Daquelas que desistes de comer antes de dormir porque se o fizeres vais vomitar com os acessos de tosse tão fortes. Daquelas que, mal tens vontade de fazer um xixi, vais logo, porque se a tosse te chega de repente não dá tempo de segurar.
Sem febre e sem COVID. Fiz o teste e deu negativo! (Haja alegria de ter um teste negativo)
Mas mais afastada ainda tenho estado dos meus cá de casa.
Há uma semana em casa, a trabalhar no que é possível através do computador e telefone, andava numa luta interna por causa do aniversário da Carolina!
Não podia vê-la só através de videochamada para lhe dar os parabéns! (E eu que detesto videochamadas, aliás mesmo sem vídeo eu já não gosto muito das chamadas quanto mais). Mas também tinha medo de ir a casa da minha mãe estando assim, tão atacada!
Pensámos em ir vê-la da janela e cantar os parabéns junto à casa da minha mãe. Mas também não era bem isso que queria!
Mas a minha mãe arranjou a solução, fez um pic-nic na rua, onde o risco é menor, cantamos os parabéns, o vento não nos deixou acender as velas, mas não faz mal.
Eu estive todo o tempo de máscara para não correr riscos com elas.
Levamos a cadela para ela matar saudades!
Andou feliz e contente a brincar.
Só não a pude abraçar e beijar.
E isso custou-me horrores!
Comentários
Está provação para muitos, senão para todos vai passar.
Um grande beijinho
Miguel, um grande abraço amigo!