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Back to school... Cruz Vermelha Portuguesa

Foto: Pinterest

uns anos valentes, ainda no século passado, tirei o curso de enfermagem. Naquele tempo ainda era Bacharelato. 3 anos de muito trabalho em Coimbra, muito estudo, mas que valeram a pena.
Era enfermeira. Com 21 anos. Uma menina.
De tal modo menina que demorei a dar resposta ao "Srª Enfermeira". Nunca ninguém me tinha tratado por "senhora" antes.
A 17 de Março de 1997 (já com os 22), lá estava eu a entrar no IPO.
O Hospital de Palhavã!
O Hospital do Cancro, onde tantos anos antes tinha ido às consultas com a minha avó, mas isso é outra história.
O Hospital tão temido por tanta gente.
Local de tanto trabalho e sofrimento...
Ali estava eu, menina-mulher, com a minha farda e sapatos de curso, a entrar no mundo dos crescidos.
Entrei a pensar ficar 2 anos e lá vão 22, metade da minha vida...
Nos primeiros tempos, saí de lá sempre a chorar.
Ninguém nos prepara para aquela imensidão de sentimentos, de cuidar do outro duma maneira tão intensa, em fases tão difíceis e tão tristes. Ninguém nos ensina que não podemos dar tudo de nós, que temos que nos resguardar para nos protegermos para poder continuar a funcionar, que não conseguimos salvar o mundo, que somos humanos e não super-heróis!
Passados uns anos o curso de enfermagem foi promovido a Licenciatura e foi criado um ano especial para quem, como eu, era só bacharel. Mas eu andava distraída a ser super-heroína, e mãe, e ex-mulher, e a trabalhar em dois sítios e confesso que nunca senti muita vontade nem motivação para o fazer. Até um dia terem deixado de fazer o bendito "resto do curso".
E agora?
Agora, nada.
Fui deixando andar... Não havia muito que pudesse fazer. Algumas escolas exigiam uma exorbitância de horas e disciplinas para dar a equivalência. Quase como se tivesse que tirar o curso novamente.
Este ano a Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa abriu a possibilidade de enfermeiros bacharéis pedirem a creditação e avaliação curricular de modo a poderem terminar a licenciatura e eu assim que soube, atirei-me de cabeça. É agora ou nunca!
Não ía deixar passar esta oportunidade única.
Após avaliação curricular propuseram algumas equivalências mediante apresentação de relatórios de trabalho e outras através de frequência durante um ano letivo a fazer cadeiras de diferentes anos, mas nada de extraordinário!
De maneira que este ano letivo, em setembro de 2018, o meu filho foi para o primeiro ano da faculdade, a minha filha foi para o primeiro ano da escola primária e este mês eu comecei as aulas para terminar a licenciatura!
Se sobreviver, em fevereiro de 2020 serei enfermeira na mesma, mais pobre, mas com um grau académico mais elevado, que com a velocidade que as coisas mudam, e com as alterações à carreira que se pretendem, pode fazer a diferença. Sempre aprendo alguma coisa, gasto um dinheirão em propinas, mas tinha que ser.
Ora, para quem alterou os seus hábitos de sono e se passou a deitar com as galinhas (continuo a deitar-me com o meu marido, atenção!...) e às 21h30 já estava a roncar (isto também é só uma forma de expressão, eu não ronco... excepto quando me rio muito) calha mesmo bem ter aulas até às 22h... Em Lisboa... O que significa chegar a casa uma hora depois. E por isso tenho olheiras até ao queixo, levanto-me a desejar a hora em que posso encostar a cabeça e acho que faço uma sesta se pestanejar por meio segundo!
Mas vou conseguir!
A minha querida mãe ajuda na logística da filha! O marido ajuda na logística do resto! Incluindo aturar as minhas birras de sono e neura quando ando cansada!
Se não der notícias até ao final do ano, não estranhem!

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