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Pasmo-me com a estupidez humana... Após 8 meses de silêncio

Já não escrevo há tanto tempo que não sei se ainda sei escrever.
Escrever, escrevo todos os dias, mas não aqui.

O nosso mundo mudou, na maneira como o conhecíamos. Agora temos um novo mundo, e já tanto foi dito sobre ele que nada de novo tenho para escrever.
Depois, como passei a trabalhar muito mais e o tempo não estica, o tempo de escrever escasseou.
Nos primeiros meses de pandemia, durante o confinamento, para grande parte da população, eu tinha dias de chegar a casa, tomar banho, comer qualquer coisa e ir dormir, para no outro dia repetir tudo novamente.
Eu e o marido nunca deixamos de trabalhar, tivemos dias de quase não nos vermos, só o via de manhã a dormir e às vezes ele chegava uns minutos antes de eu ir dormir.
Estivemos separados da Carolina desde 16 de março até dia 24 de julho. Ao dia em que entrei de férias e que após saber que estava tudo bem, a abracei e beijei até ela me deixar! A ela e à minha mãe. Mais de 4 meses a vê-las à soleira da porta ou pela janela. Mesmo quando começamos a desconfinar, não havia beijinhos nem abraços.
Por isso, quando foi possível de o fazer em segurança, enchi-as de beijos!

Mas acho que a principal razão que me manteve afastada da escrita foi porque eu sabia que seria difícil manter-me calada e serena perante a estupidez humana.

Aquela ideia que havia no início, que isto ía fazer com que as pessoas dessem mais valor uns aos outros e às pequenas coisas da vida, já está sobejamente provada que não resultou assim. Pelo contrário.
Cada vez vejo mais estupidez ambulante e tenho vontade de bater em pessoas (ainda não aconteceu...)...mas não sabemos o dia de amanhã!
Depois temos os defensores que isto é tudo mentira... Pois!
Temos também aqueles que defendem que as zaragatoas para fazer a análise é que levam o vírus e que contaminam as pessoas... Hã hã!
E também há quem se recuse a alterar a sua vida normal, então?, era o que faltava!...
Se havia até quem passasse dias sem ir à rua, agora saem por tudo e por nada pelo gostinho que lhes dá contornar o sistema. Que nervos!

Quanto a estes seres iluminados, bafejados pela esperteza máxima, só espero que percebam que dentro dos hospitais não andamos a jogar às cartas e a passar o tempo a fazer de conta que há um vírus e tal, e que provoca cenas maradas, e que é tudo invenção das nossas cabeças!
Nos hospitais trabalha-se, e muito! Muito mais do que antes, mesmo para quem não trata COVID, porque existe toda uma dificuldade de recursos humanos, materiais e logísticos que não passa pelas cabecinhas pensantes destes seres que são apologistas de teorias da conspiração da treta! 

Ah e tal também se morre de outras coisas e ninguém fala disso!
Deixem-se de merdas! Eu sei que se morre de outras coisas! Eu trabalho num instituto de oncologia! Eu sei o que é morrer de outras coisas! Vejo pessoas a morrer há vinte e tal anos! É claro que o normal é falar-se do número de doentes que morreram com COVID, porque é no meio da pandemia de COVID que estamos! Certo? Se estivéssemos numa pandemia de piolhos, seria sobre piolhos que falariam as estatísticas e a comunicação social! Dahhh!

Se isto está mau? Está.
Se vai piorar? Vai.
Se eu concordo com todas as medidas implementadas? Não.
Mas tenho que as cumprir, porra!

É melhor ficar por aqui.
Percebem porque é que não tenho escrito?
É que isto tudo me tornou um bocadinho menos tolerante. Se calhar eu fui das pessoas que não melhoraram com esta "cena" toda.
Pois não...



Comentários

Sandra Simões disse…
Tivéssemos mais pessoas lindas como tu, e o mundo ganharia em dobro.
Lov u ❤
Cuida de ti, dos teus, faz a tua parte, os outros, infelizmente continuarão a ser os outros, e por muito que desejássemos nãos os podemos mudar, mesmo que implique danificar a nossa saúde e liberdade.

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